Trouxe na memória o vermelho da terra,
Os poilões que se abrem como os livros,
A quente humidade que se cola à pele,
O pôr-do-sol abrasador que esmaga a linha do horizonte,
As cores vivas que por todo o lado inundam a vida,
Os enormes formigueiros das termiteiras,
Os coutos dos arbustos em praias de criação recente,
O coaxar sem fim dos batráquios pela noite dentro,
A espuma cremosa de um café bem batido,
O gosto das ostras abertas sobre chapa quente,
Os mangueiros e cajueiros que crescem rebeldes,
O sabor de um bom chabéu à mesa de amigos,
A diversidade cultural que pupula nas ruas,
Os papéis e os balantas, e todas as outras etnias,
O burburinho da entrada e saída dos táxis colectivos,
As boleias cravadas em todas as estradas,
A travessia do tranquilo rio a caminho de Farim,
As quedas de água e a força do rio no Sul,
As grossas gotas de chuva num manto sem fim,
A alegria de um viver diferente.
Trouxe na alma um feitiço, certamente…
Pois cá tão longe ela chama por mim,
Impiedosa, insistente,
Como se pudesse haver um amor assim!
Joana Roque Lino
0 comments:
Post a Comment