Tuesday, February 12, 2008

Plágio de mim

Não é poeta, mas em seu nome escrevi tantos versos, que se encheram os cadernos e um directório de arquivos criado para ele, com password e tudo.

Não será amor (pelo menos ele não acredita que seja), mas sinto-me bem a ler tudo o que escreve, a reler as mensagens que me deixou, a recordar o contorno dos seus lábios e a envolvência do seu abraço quando se despediu de mim.

E pergunto a mim própria se cada poema escrito não será um plágio de tudo o que me fez sentir e se não deveria assiná-los com o seu nome.

Não sei, não me lembro, mas nunca um almoço me soube como aquele.

Recordá-lo, é o suficiente para que se evapore a tristeza destes dias de Cacimbo, para aquecer o frio da saudade e transformar em divertidas, as eternas rotinas diárias. Ou talvez seja suficiente para que uma lágrima me recorde que chorar é também amar.

Sei que fantasio, mas fantasiar é uma forma de sonhar, de apagar os defeitos e os obstáculos, de se ser algo, nem sempre o que realmente somos. Não é crueldade, nem mentira, é apenas a urgência insaciável de ser aquilo que o outro necessita. O desejo de ser eu e não ninguém. E ser capaz de encher os seus espaços, ... capaz de transformar pecado, em mel e menta e fazer perdurar o calor dos seus lábios na minha boca gretada pelo rigor do paludismo.

Ele, é esta partícula fundida na minha pele que ninguém nota, mas que é tão imprescindível. Onde quer que esteja, sei que de vez em quando, sentirá a nossa falta (a sua em mim e a minha nele), porque aqueles minutos que vivemos, foram bons... tão bons que, ainda hoje, depois de tantos dias, tenho nos meus dedos o odor da sua pele...

Postado ao som de My explanation

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