Tuesday, February 12, 2008

Fêmea Angolana


Não sou lagoa clara
ornamentada com cisnes majestosos,
nem mulher esbelta de tez rosada.
Sou sol de estio eterno e pele canela.
Sou areia de uma praia de saudade
fecundada por casuarinas de raízes sólidas.
Um mar sem porto de chegada.
Sou fêmea, fêmea de terra africana!
dessas que parem de cócoras
vestindo a cria com sangue,
alimentando o filho
com os peitos inchados de sonhos.
Sou ladeira, espiga inflamada
Laranjeira que floresce no Cacimbo
Vinha bordada em morros empinados
Ladrilho de barro vermelho...
Rio de caudal turbulento com cor de sangue
Kimbos esquecidos por Deus...
Tenho as mãos enrugadas
Os olhos cansados
A esperança gorda
E no ombro...
um abrigo imenso.

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